Quando a dieta vira distúrbio alimentar
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17 julho, 2020

Quando a dieta vira distúrbio alimentar

Entenda como o transtorno alimentar é influenciado pela busca ao corpo perfeito

Os Transtornos Alimentares são caracterizados por perturbações no comportamento alimentar, podendo levar ao emagrecimento extremo (caquexia - devido à inadequada redução da alimentação), à obesidade (devido à ingestão de grandes quantidades de comida), ou outros problemas físicos. Os principais tipos de Transtorno Alimentar são a Anorexia Nervosa e a Bulimia Nervosa, e ambos têm como características comuns: uma intensa preocupação como o peso e o medo excessivo de engordar, uma percepção distorcida da forma corporal, e a auto avaliação baseada no peso e na forma física.

Existem ainda outros diversos transtornos alimentares, um pouco menos descritos na literatura, mas não menos importantes. O que se observa é que nem toda dieta resulta em transtorno alimentar, mas muitas vezes o transtorno alimentar apareceu após uma dieta.       

Esses distúrbios alimentares, também chamados de transtornos alimentares, são condições complexas, nas quais as pessoas têm relação desvirtuada — e com diferentes características clínicas e psicopatológicas — com:

-Os alimentos;

-A autoestima;

-A imagem corporal;

-O peso.

Porque muito se fala (e conhece) sobre nutrição e alimentação, mas as pessoas não estão mais saudáveis. Simplesmente porque a orientação tradicional, focada em prescrição, não garante mudança de comportamento, que é a base para o sucesso duradouro.

Infelizmente, o que se observa é uma tendência ao "nutricionismo" e ortorexia (transtorno alimentar que se trata de uma preocupação obsessiva por seguir uma alimentação saudável) como focos na nutrição. E com isso observa-se cada vez mais indivíduos com relação “neurótica” com a comida.

Muitas dietas não funcionam por serem monótonas, cheias de regras, quantidades e proibições. Dessa forma a pessoa se frustra e volta a ganhar peso.

Saber a quantidade de calorias que uma pessoa ingere diariamente não é suficiente, e nem é tão interessante saber esse número se a relação dela com a comida for ruim. Isso porque o comportamento diante da mesa e os hábitos alimentares são tão importantes quanto os nutrientes que a pessoa come.

Usar os conhecimentos nutricionais de forma flexível permite que se faça escolhas alimentares que honrem a saúde enquanto faz se sentir melhor. Ninguém precisa de uma dieta perfeita para ser saudável. Ninguém ficará repentinamente com alguma deficiência nutricional, ou ganhará peso em um único lanche, em uma única refeição, ou em um único dia.

Nesse contexto, o Guia Alimentar para a População Brasileira traz aconselhamentos embasados exatamente nessa questão de comportamento. Quando orienta a população a voltar com hábitos antigos. Comer mais comida de verdade, e fazer as refeições em boa companhia.

A busca pela saúde deveria vir antes da busca pelo corpo perfeito. Mudando hábitos como sair do sedentarismo, ser grato, e fazer melhores escolhas alimentares vai garantir mais saúde, e certamente como consequência, uma maior satisfação com o próprio corpo. Seja ele perfeito, ou não.

Iris Lengruber
Nutricionista
Pós Graduada em Vigilância Sanitária
Mestre em Alimentos e Nutrição – UNIRIO
Especialista em Nutrição Oncológica - SBNO
Membro da Sociedade Brasileira de Nutrição Oncológica
Coordenadora da Pós Graduação em Nutrição Oncológica da Nutmed
Atendimento em nutrição clínica

FONTES: BAYS, JC. Mindful eating- a guide to discovering a healthy and joyful relationship with food. 1. ed. Boston & London: Shambhala, 2009. p. 1-208.

HIRAYAMA, Marcio Sussumu et al. A percepção de comportamentos relacionados à atenção plena e a versão brasileira do Freiburg Mindfulness Inventory. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro , v. 19, n. 9, p. 3899-3914, set. 2014.