25 julho, 2019
Confira a alimentação indicada para pacientes pós-cirurgia bariátrica!
Dados epidemiológicos mostraram que nas últimas décadas a prevalência da obesidade vem aumentando de forma alarmante acometendo cerca de 650 milhões de adultos, 124 milhões de crianças e adolescentes (5-19 anos) e 41 milhões de crianças (menores que 5 anos). A etiologia da obesidade é complexa e multifatorial, envolvendo aspectos ambientais, genéticos, estilos de vida e emocionais. Além disso, esta doença é considerada fator de risco para o desenvolvimento e agravo de outras doenças, sendo as mais comuns: doenças cardiovasculares, hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus tipo 2, dislipidemia, câncer, distúrbios musculoesqueléticos, entre outras (OMS, 2018).
A cirurgia bariátrica é o tratamento mais efetivo, na grande maioria dos casos, para a obesidade grave.
Aliás, este é o único que propicia redução de peso substancial e de longo prazo com concomitante melhoria significativa na qualidade global de vida quando comparado aos tratamentos não cirúrgicos (Buchwald et al, 2004).
Por outro lado, o indivíduo que se submete a este tratamento deve ter cuidados, principalmente de cunho nutricional, para o resto da vida, uma vez que a cirurgia bariátrica, por modificar o trato gastrointestinal, leva a alterações de digestão e absorção dos nutrientes (Bordalo, 2011).
Após a cirurgia bariátrica, os pacientes são orientados a seguir um padrão de alimentação específico para esta população e diante da necessidade em criar um instrumento para os pacientes no pós-operatório de cirurgia bariátrica, Moizé e colaboradores elaboraram, em 2010, a pirâmide alimentar para esta população especificamente, uma vez que possuem características diferenciadas.
Esta pirâmide trata-se de uma ferramenta construída para auxiliar profissionais e pacientes no aconselhamento, escolha de alimentos e suas porções, proporcionando alimentação e nutrição adequadas no período pós-operatório da cirurgia bariátrica.
O cardápio para quem realizou a cirurgia bariátrica é composto por alimentos ricos em nutrientes
A referida pirâmide especifica que a base da dieta é a mais importante, visando mudanças comportamentais, como a inserção de exercícios físicos, além do consumo complexo de vitaminas, minerais, depois vem o grupo das proteínas que também são muito importantes (carnes, ovos e feijões), depois o grupo de frutas, legumes, verduras, leite e derivados (ricos em fibras, vitaminas, minerais e fonte de proteínas), logo em seguida aparecem os carboidratos integrais (raízes, pães, biscoitos, arroz e massas integrais) e estes devem ser consumidos de acordo com a prescrição do nutricionista e por último o que deverá ser menos consumido e evitado ao máximo, é o grupo das gorduras, frituras, refrigerantes e bolinhos industrializados (Moizé et al, 2010).
Além da pirâmide alimentar, em 2018, dois autores brasileiros criaram o guia alimentar bariátrico, um modelo de prato bariátrico utilizado como instrumento de educação nutricional, ressaltando sempre a importância da ingestão de proteínas como base de macronutriente, seguido de vegetais e fontes de fibras. Aliado a isso, a ingestão hídrica, o uso de suplementos e a atividade física, são fatores que devem ser incorporados na rotina do operado (Cambi e Baretta, 2018).
O paciente bariátrico deve ficar atendo quanto suas escolhas alimentares, onde tanto a qualidade da alimentação é fundamental para manter o peso corporal e garantir a ingestão de nutrientes essenciais, assim como a quantidade que deverá ser restrita, não devendo passar de 250 a 300 gramas por refeição, para evitar complicações e desconfortos no trato digestório.
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Dra. Fernanda Mattos
Nutricionista com experiência em pacientes com obesidade, uso de balão intragástrico, pré e pós-operatório de cirurgia bariátrica e acompanhamento de gestantes com obesidade e submetidas à cirurgia bariátrica.
Pós-Doutorado em andamento na linha de Bioquímica Nutricional da UFRJ/Doutorado em Ciências Nutricionais pela UFRJ
Mestrado em Clínica Médica - UFRJ/Diploma de Competência em Sobrepeso e Obesidade pelo Colégio Oficial de Médicos de Barcelona
Pós-Graduação em Nutrição Clínica – UFRJ/Membro Especialidades Associadas da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica - SBCBM
Membro da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica - ABESO
Member of International Federation for the Surgery of Obesity - IFSO/Sócia da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade - SPEO
Consultoria e assessoria Nutricional/Docente do módulo de Obesidade e Cirurgia Bariátrica em Cursos de Pós-graduação Lato e Strictu Sensu
Nutricionista do programa de obesidade e cirurgia bariátrica do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da UFRJ.
Bibliografia deste conteúdo:
Bordalo LA. et al. Cirurgia bariátrica: como e por que suplementar. Rev. Assoc. Med. Bras. 2011;57(1):113-20.
Buchwald H, et al. Bariatric surgery. A systemic review and meta-analysis. Jama. 2004;292(14):1724–37.
Cambi MPC; Baretta GAP. Guia alimentar bariátrico: modelo do prato para pacientes submetidos à cirurgia bariátrica. Arq. bras. cir. dig. 2018;31(2):e1375. .
Moizé VL, et al. Nutritional pyramid for post-gastric bypass patients. Obes Surg. 2010;20(8):1133-41.
World Health Organization - WHO. Obesity and overweight, 2018. Disponível em: http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs311/en/
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