17 julho, 2020
Como a alimentação pode ajudar a controlar a diabetes?
No Brasil há mais de 13 milhões de pessoas vivendo com diabetes, o que representa 6,9% da população (SBD, 2020). E esse número cresce. Portanto, saber mais e aprender a conviver bem com a doença pode se transformar em um motivo para cuidar da saúde.
O que é diabetes? doença crônica de etiologia múltipla que apresenta como característica principal a hiperglicemia crônica que decorre da ausência, deficiência e/ou resistência à ação do hormônio insulina, sintetizado pelas células beta-pancreáticas com função de controlar no sangue a quantidade de glicose (açúcar) obtida por meio dos alimentos- como fonte de energia para o corpo.
O diabetes melito (DM) tipo 1 e tipo 2 são as principais formas. O DM1 é uma doença autoimune decorrente da destruição das células beta-pancreáticas e acomete entre 5 e 10% do total de pessoas. O DM2 é responsável por 90 a 95% dos casos dessa doença e é caracterizado por resistência tecidual à ação da insulina, acompanhado de deficiência relativa na secreção desse hormônio. Apesar da suscetibilidade genética, o DM2 está associado à inatividade física, hábitos alimentares não-saudáveis e ao sobrepeso e obesidade.
O tratamento do DM objetiva o controle metabólico e envolve a terapia medicamentosa e a não-medicamentosa que compreende as mudanças de comportamento associadas à alimentação e à prática de atividade física.
Quando se fala na alimentação de diabéticos existe a ideia, muitas vezes, de uma dieta restrita. Na verdade, é o contrário. Deve ser limitada apenas de alimentos industrializados, sal e açúcar. É importante que seja bem variada, composta por alimentos naturais de baixo índice glicêmico (índice que indica a qualidade dos carboidratos contidos nos alimentos e o quanto o mesmo é capaz de aumentar a glicose plasmática), fontes de fibras, vitaminas, antioxidantes, anti-inflamatórios e de gordura de boa qualidade (base de ômega 3) que colaboram para estabilizar o nível glicêmico do sangue.
Não existe o alimento milagroso e sim uma combinação de bons hábitos. No entanto, alguns alimentos são fundamentais para garantir o controle da insulina, do processo inflamatório e do açúcar no sangue, contribuindo para o bem-estar e redução do risco de desenvolver complicações. Entre outros alimentos naturais importantes para os diabéticos destacam-se:
• Ervas aromáticas orégano e alecrim, além de saborizar o prato contribuem para o controle glicêmico;
• Canela: A ingestão de uma dose diária de 6 g de canela pode reduzir o açúcar no sangue daqueles que sofrem de diabetes tipo 2.
• Açafrão-da-terra ou cúrcuma contém um ingrediente ativo chamado curcumina, que ajuda a reduzir a inflamação e os níveis de açúcar no sangue, ao mesmo tempo em que reduz o risco de doenças cardíacas. A curcumina também parece beneficiar a saúde renal em diabéticos. Para que a absorção pelo corpo seja eficaz, a curcumina deve ser ingerida com piperina, que é encontrada em pimenta preta;
• Espinafre, brócolis, couve são ricas em vitaminas e minerais, incluindo antioxidantes, vitamina C e carotenóides, luteína e zeaxantina, que ajudam a proteger os olhos da degeneração macular e da catarata, que são complicações comuns do diabetes.
• Rúcula e acelga são fontes de ferro, fibras e fósforo, nutrientes atuantes no sistema imunológico e no controle glicêmico.
• Fruta do Milagre (Synsepalum dulcificum) – sua polpa contém uma proteína chamada miraculina, que ao entrar em contato com as papilas gustativas da língua inibe a nossa capacidade de saborear a acidez e o amargo dos alimentos. Dessa maneira, as frutas ácidas e amargas tornam-se agradáveis ao paladar. Essa fruta ainda é novidade aqui no Brasil mas já é utilizada há séculos pelos africanos para adoçar seus alimentos. Atualmente já é bem conhecida nos Estados Unidos e Europa, onde são comercializados vários produtos confeccionados à base de sua polpa.
Para o melhor aproveitamento dos benefícios dos vegetais recomenda-se: comprar os vegetais da época (safra); a utilização, sempre que possível, do vegetal cru ou cozimento mais brando; utilizar o mínimo de água e cortar em pedaços maiores ou cozinhar com a casca para menor perda de minerais e vitaminas hidrossolúveis e finalizar a preparação com uma dose de gordura boa, através do azeite extra virgem.
Uma alimentação saudável não exclui o sabor de uma boa alimentação. Importante é manter a harmonia entre a qualidade dos ingredientes oferecidos, o frescor, além do respeito pelo sabor dos alimentos. Cultive bons hábitos alimentares!
Nutricionista Júlia Gonçalves Mayer – [email protected]
Diabética tipo 1
Especialista em Alimentação Coletiva (UFF)
Especialista em Fitoterapia Funcional (VP)
Mestra em Ciência dos Alimentos (UFF)
Doutoranda em Ciência da Saúde (UFF)
Instagram - @julia.mayer
Referências Bibliográficas:
-Sociedade Brasileira de Diabetes: https://www.diabetes.org.br/publico.
-INSEL, R.A. et al. Staging presymptomatic type 1 diabetes: a scientific statement of JDRF, the Endocrine Society, and the American Diabetes Association. Diabetes Care. v. 38, n.10, p.1964-74, 2015.
-KUJAN, M. A. et al. Medical Prescriptions of Fresh Vegetables Improve Clinical and Psychosocial Outcomes for Adults with or at Risk of Type 2 Diabetes (T2D). 708-p., 2020.
-OBAFEMI, T. O. et al. Antidiabetic property of miracle fruit plant (Synsepalum dulcificum Shumach. & Thonn. Daniell) leaf extracts in fructose-fed streptozotocin-injected rats via anti-inflammatory activity and inhibition of carbohydrate metabolizing enzymes. Journal of ethnopharmacology, v. 244, p. 112124, 2019.
-SOUTO, D. L,; ROSADO, E. L. Contagem de carboidratos no Diabetes Melito – Abordagem teórica e prática Editora: Rubio, 20ed. 395 p.
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